sexta-feira, 20 de abril de 2018

DIA DO ÍNDIO

Bosque promove encontro de indígenas e estudantes de Icoaraci

20/04/2018 12:48
O Jardim Botânico Bosque Rodrigues Alves serviu de cenário para uma rodada de conversas entre representantes de várias nações indígenas e estudantes do 9º ano do ensino fundamental da Escola Liceu de Artes e Ofícios Mestre Raimundo Cardoso, de Icoaraci. Os estudantes gostaram da atividade extraclasse, que, segundo a coordenadora da programação, a bibliotecária Ana Paula Duarte, visou reduzir as barreiras entre os indígenas e o chamado povo branco. “Eles (índios) aprendem a nossa língua para estudar, se formar e levar nossa cultura até suas aldeias, e nós continuamos parados, achando que os indígenas seguem no mesmo patamar”, disse a bibliotecária na manhã desta sexta-feira, 20.
A programação no bosque foi alusiva ao Dia do Índio, transcorrido na quinta-feira, 19. Muitos indígenas das Nações Tembé (rio Guamá), Munduruku (Tapajós), Arara (Altamira), Xicrin (Parauapebas) e Wâipi (Amapá) participaram da programação. Eles estavam acompanhados pelos agentes da Casa de Saúde Indígena (Casai), onde estão hospedados para tratamento de saúde.
O cacique Betire Kayapó, 33, da nação Gorotire, no município de Redenção, disse que gostou muito do Bosque e que moraria ali com a família. “Muito bonito, mata verde bonita que precisa ser preservada para nossas crianças”, disse. Betire está em Icoaraci, acompanhando o pai dele, Pero Kayapó, que está fazendo consultas médicas. Sobre o encontro com os estudantes, ele disse que ficou muito feliz em poder participar. “Foi tudo tranquilo”, disse, mas acrescentou que as políticas indígenas de saúde e educação precisam avançar ainda mais no Brasil e que a Prefeitura de Belém está de parabéns pela conservação do bosque. “Estou me sentindo em casa”, brincou.
Homens, mulheres e crianças indígenas também aproveitaram a programação para passear, lanchar e receber o carinho dos técnicos da Casai e dos estudantes. O indígena Raimundo Munduruku, de Jacareacanga, estava acompanhado da esposa Esther, que não fala português, e da filha de colo Rozinilde. “Eu e minha família estamos gostando. O lugar aqui é muito bonito”, elogiou.
Para os estudantes, a troca de informações completou os ensinamentos da sala de aula. As alunas Emilyn Morais, 15, e Emily Silveira, 14, gostaram do encontro e destacaram que a maior lição foi o fim do preconceito e a liberdade de expressão para todos os brasileiros. Entre os garotos, a resposta também foi positiva. “Voltar ao Bosque é sempre bom, guardamos lembranças da infância quando viemos aqui com nossos pais. É muito bom ver que a natureza prevalece”, disse o estudante Erick Sandro, 14, que estava acompanhado do colega Joabson Rafael, 15.
Programação - A programação do Jardim Botânico Bosque Rodrigues foi alusiva ao Dia do Índio e ao Dia Nacional da Conservação do Solo. As atividades começaram no último domingo, 15, com palestras e exposições sobre os mais variados tipos de solo. Os trabalhos foram em parceria com a Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra). O último dia da programação foi esta sexta-feira, 20. “Reunimos aqui muitos trabalhos sobre a importância da preservação do solo, oficinas de pinturas entre outras atividades”, explicou Ana Paula Duarte, bibliotecária do setor de educação ambiental do Bosque.
O Jardim Botânico Bosque Rodrigues Alves é administrado pela Prefeitura de Belém. As visitações públicas ocorrem de terça-feira a domingo e as visitas monitoradas e agendadas de terça a sexta-feira. O local é um dos pontos turísticos de Belém e registra a média de 3 mil visitantes mensalmente. O local é uma área de preservação ambiental com 1.500 metros quadrados, uma minifloresta encravada do bairro do Marco.
Segundo o biólogo Carlos Alberto Lira, o Bosque é um pequeno retrato da biodiversidade amazônica. Os bichos vivem em cativeiros, como é o caso da jaguatirica e dos jacarés, e soltos, como as cotias, as pacas, os macacos e muitas aves. “Nosso ideal aqui é de total preservação. Esse lugar é mágico, com essas árvores, sombra e os animais”, disse.
A engenheira agrônoma Tieure de Oliveira informou que no Bosque a natureza é 100% preservada, inclusive as folhas, raízes e o solo, que precisa das vitaminas para manter a floresta de pé. “Aqui é o habitat natural dos bichos e nós temos que respeitar e conservar”.
O Jardim Botânico Bosque Rodrigues Alves foi inaugurado em 1883 e se mantém até hoje como símbolo da fauna e flora amazônicas no coração da cidade de Belém.
Por Selma Amaral

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